Sentimentos Indefinidos

Cada dia que passa descobrimos um pouco de nós, as certezas de hoje podem não ser as certezas de amanhã. Por isso os sentimentos estão em mudança constante.

quinta-feira, dezembro 07, 2006

Memórias

A noite já ia avançada quando ela acordou com o som do telemóvel. Quando viu o nome dele no visor hesitou em atender mas, depois de tanta insistência e sem mais desculpas para adiar o encontro carregou na tecla verde e do outro lado ouviu aquilo que já esperava. Ele queria estar com ela e ela tinha prometido que estaria com ele, como tal, a promessa tinha de ser cumprida e a hora tinha chegado.
Ficaram de se encontrar junto à casa dele e cerca de meia hora depois da chamada ela chegou. As suas pernas tremiam e o coração batia mais forte enquanto esperava que ele a viesse buscar ao carro. Assim que o avistou, o receio era tanto que ela teve vontade de arrancar e sair dali, mas o medo tinha de ser superado. Era tarde demais para recuar e já não dava para fugir.
Ela saiu do carro e o frio daquela noite era tanto que sentiu a face regelar mas, mesmo assim, um calor apoderou-se da sua face assim quem ele chegou perto dela.
Ao entrar em casa dele o frio diminui mas as pernas continuavam a tremer. Ela estava nervosa e ele não estava menos, apesar de disfarçar melhor.
Tinha finalmente chegado o tal momento pelo qual ele tanto esperara e ela tanto adiara, talvez pelo medo de sair novamente magoada. Ainda não havia passado muito tempo desde que o seu coração tinha sarado a última ferida que lhe causou danos profundos.
Mas agora ia ser diferente, pensava ela. Esta história iria ser apenas uma aventura, levada com a leveza que se quer numa relação sem compromissos. Era isso que ambos queriam, um relacionamento que não interferisse com qualquer hábito ou rotina das suas vidas. Viver apenas bons momentos um ao lado do outro, com muita cumplicidade e sinceridade.
Depois de quebrar o gelo ela sentiu que queria realmente avançar e foi nesse momento que pôs de lado os seus medos e temores. Sentia-se bem ali, sentia-se bem com ele.
O calor do seu corpo fê-la sentir bem, aconchegada, protegida. Por instantes desejou que o tempo parasse e que pudessem ficar assim eternamente.
Foi esta sensação que fez com que esses momentos se repetissem vezes sem conta e, aquilo que inicialmente seria apenas uma relação sem compromissos, uma aventura entre duas pessoas que gostavam de conversar, de estar juntas, tornou-se em algo mais.
Ela tentou não se prender tanto, tentou pôr sentimentos mais profundos de lado mas não conseguiu evitar o inevitável. Entregou-se demais aquele sentimento que ela tanto queria afastar. A cada dia que passava ela sentia mais necessidade de o ter a seu lado, parecia uma droga que lhe dava forças para viver cada dia. Ela cometeu o mesmo erro que já anteriormente a fizera sofrer. Entregou-se demais aquela pessoa, esse sempre foi o seu maior pecado, entregar-se demais.
Para viver esses bons momentos ela abdicava de noites sem dormir, de horas em que ele tinha espaço para si na agenda. Para viver essa paixão ela era capaz de fazer os maiores sacrifícios por ele. Com o passar do tempo, o medo de o perder acentuava-se na sua cabeça. Já não imaginava a sua vida sem partilhar com ele algumas horas por semana, sim por semana, era apenas isso que ele conseguia dar-lhe. Mas mesmo assim não queria que o pouco que ele lhe dava acabasse, porque, para ela, isso era tudo.
Mas um dia alguém ocupou o espaço dela na vida dele… o sonho acabou e o pesadelo começou. E o que poderia ter sido uma história com final feliz tornou-se num enredo sem fim à vista. Encontros e desencontros foi naquilo que a vida deles se transformou. Ela afastou-se e ele fingiu que fez o mesmo. Fingiu porque não consegue afastar-se definitivamente. Ela continua à espera do dia em que ele saiba o que realmente quer, enquanto isso, ele continua a fingir que está satisfeito com a decisão que tomou.

Foi assim que tudo começou, há exactamente um ano…e passados 365 dias ele continua a assolar os pensamentos dela e teima em não desocupar o seu coração

9 Comments:

At 20:05, Anonymous Anónimo said...

Ai como eu conheco uma historia tãoooooo parecida ;)
Com algumas diferenças mas sim tb la estive. O ditado diz e bem...quem espera desespera! E um facto e uma verdade...
Fexar os olhos, continuar a acreditar e a aceitar que se pode passar a vida a fazer figura de botão da luz....qd ele quer carrega, qd ja n quer desliga!
No meu caso foi uma especie de jogo do gato e do rato e deu no pior. Eu acabei por me passar de vez e foi td com os porcos (eu propria fiquei mal vista enfim...)
Não digo que não penso ainda,pk estria a mentir....mas que aprendi uma gd lição....isso não haja duvida!
Não sei se no mundo havera melhor ou pior, ou se algum dia vou encontrar alguem que me faça sentir tão bem nos momentos em que ele me fez sentir bem...
Talvez...
;)Beijos

 
At 17:14, Blogger gracinha, a artista do burlesco said...

acho que temos todas histórias parecidas :)
a mim custa-me sempre (e muito) desistir. tive que lutar contra mim e ganhar.
beijos

 
At 09:47, Blogger just_me said...

De facto acho que não há uma mulher que não passe pelo mesmo, ou por algo parecido.
Paty tens razão quando dizes que aprendemos uma grande lição, mas o que me assusta é que, mesmo assim, sou capaz de cometer o mesmo erro vezes se conta.
Gracinha,acho que se trata mesmo de uma luta contrea nós próprias. Lutar contra um sentimento que só nos faz mal.
Obrigada pelas vossas palavras.
Bjs

 
At 10:19, Blogger Moon said...

É mesmo uma luta contra nós próprios, mas ao mesmo tempo a favor de nós próprios...nessas alturas, costumo lembrar-me de uma historia assim: um passarinho caiu na agua gelada e pediu a uma vaquinha para o ajudar, a vaca ajudou-o e colocou-o na merda (literalmente) para que ele não morresse de frio. O passáro reclamou, "raio de amigo", e pediu ajuda a uma raposa que o tirou da merda e o comeu...ou seja, nem sempre quem te põe na merda te quer mal e quem te tira dela te quer bem...
Não tem muito a ver, mas lembro-me sempre disto. Lutar contra nós pode deixar-nos na merda, mas é para o nosso bem. Espero que um dia consigas ultrapassar tudo isso e aí, quando olhares para trás, provavelmente terás mais orgulho nas noites em que soubeste tu dizer não do que daquelas em que cedeste...

 
At 12:24, Blogger Ana A. said...

Burra é ela que lhe permite achar que ele ainda tem controlo sobre a situação.

 
At 16:12, Blogger Topo said...

Bonita história que desperta recordações...

 
At 17:13, Blogger just_me said...

Resta saber se as recordações são boas...

 
At 17:27, Blogger pt said...

just, ela tem que superar... e como começou há 365 dias, vindo de algo menos bom, vai recomeçar outra vez, vai ser bom e vai terminar melhor... há tanta gente pronta a dar-nos amor e carinho, só temos que acreditar!

 
At 17:37, Blogger just_me said...

Tens razão pt, há outras pessoas que merecem mais e que nos dão valor. Bj

 

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